quarta-feira, 15 de abril de 2009

Uma voz que clama do silêncio


Uma voz que clama do silêncio


Uma voz custa a gritar pelos sonhos que se foram
pelos anseios que se perderam ...
Uma voz não ouvida
Uma voz que ecoa a agonia
e a tristeza do sofrimento
de ser, às vezes, quem não somos.
A voz que clama no silêncio
que esperneia entre as vísceras
o desejo de liberdade...
nada suporta,
nem a verdade.
A voz que percorre como sangue
viva...
ardente...
penetrante.
Uma voz que clama por silêncio
mas não se cala por dentro
perturba...
grita...
escandaliza.
Uma voz que clama pelo silêncio
pelo respeito despedaçado
pelo entendimento perdido
de uma outra voz.
Uma voz que clama entre os mortos
Uma voz que ressuscita sentimentos
que desprende conhecimento
mas em si, se faz renegada,
rejeitada pela voz que não se quer ouvir.
Uma voz que apenas clama
se derrama
e não preenche.
Uma voz que modifica
consolida,
se estrutura,
mas se perde entre o silêncio maior:
a solidão.
A solidão dos amigos
A solidão das palavras
A solidão de si.
Uma voz que não descansa
Ininterrupta agoniza
a oportunidade de dizer que existe
que permanece...
que é ouvida.
Uma voz sem trovões
sem furações...
Uma voz comum,
ordinária,
que clama do silêncio.

...

by Augusto Filho

Nenhum comentário:

Postar um comentário