sábado, 25 de dezembro de 2010

Pseudo


Pseudo

Por que para mim quase tudo é tudo,
e quase nada é nada?
Minha companhia é a solidão.
Mas, minha solidão não é minha companheira.
O que me resta?
Minha imaginação.
Minha poesia.
Meu pseudo-sentimento de pertencimento.
Nada me resta.
Tudo se foi.
...
by Augusto Filho

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Palavras condicionantes


Palavras condicionantes

E continua as minhas palavras
vagas pelas entrelinhas de minha poesia
perturbadas pelas dores dos sentimentos
que me fazem sufocar os meus sonhos.

Queria gritar pelas ruas meus pensamentos
rasgar do peito esta dor
que me consome
e me condiciona ao natural, primitivo.

Este manto amargo
Este vinho rústico
O veneno absoluto que me mata
e me faz nascer mais uma vez.

Esta dor que bem conheço
vai passar, eu sei...
O tempo cura e tudo destrói
até o amor...


...
by Augusto Filho

domingo, 28 de novembro de 2010

Minha morada



Minha morada

Tua luz parte a escuridão dos meus olhos
E enquanto contemplo o brilho da manhã
O véu que nos separa se abre por tua mão.
Oh quanta luz que me preenche e me invade!

Teus olhos me convidam ao abraço,
Mas meu coração em medo se distancia,
A largos passos, desta santa morada
Imperfeita sou desta sagrada companhia.

A suave voz me chama de amada
E me toma pela mão, acolhida, abençoada
Fuji de mim para o teu abraço
E neste encontro me torno luz.

Eu fugitiva de minha morada
Me torno o presente da alvorada
E com meu rosto em teu ombro descansado
Relembro os dias de nosso amor.

Em algum lugar a noite reina impetuosa
Mas nos teus braços eu sou as estrelas
Que iluminam a noite de nosso romance,
A estrada sinuosa de nossa paixão.

Nossas juras e nossas palavras
Tão antigas promessas em um beijo selado...
Como me esqueci deste teu toque?
Desta tua voz pelos campos e jardins?

Parada em teus braços eu me entrego
E pelo tempo em que juntos transformados
Teu olhar por mim lembrado me sussurra
Que ainda não é este meu tempo ou meu lugar.

Para minha morada donde fugi volto a tornar
Padecida em minha dor em coração partido
Do amado vou esquecer, mais uma vez
O toque, o beijo, o amor...


...
by Augusto Filho

domingo, 8 de agosto de 2010

La noche oscura

La noche oscura

En una noche oscura,
con ansias en amores inflamada,
(¡oh dichosa ventura!)
salí sin ser notada,
estando ya mi casa sosegada.

A oscuras y segura,
por la secreta escala disfrazada,
(¡oh dichosa ventura!)
a oscuras y en celada,
estando ya mi casa sosegada.

En la noche dichosa,
en secreto, que nadie me veía,
ni yo miraba cosa,
sin otra luz ni guía
sino la que en el corazón ardía.

Aquésta me guïaba
más cierta que la luz del mediodía,
adonde me esperaba
quien yo bien me sabía,
en parte donde nadie parecía. 20

¡Oh noche que me guiaste!,
¡oh noche amable más que el alborada!,
¡oh noche que juntaste
amado con amada,
amada en el amado transformada!

En mi pecho florido,
que entero para él solo se guardaba,
allí quedó dormido,
y yo le regalaba,
y el ventalle de cedros aire daba.

El aire de la almena,
cuando yo sus cabellos esparcía,
con su mano serena
en mi cuello hería,
y todos mis sentidos suspendía.

Quedéme y olvidéme,
el rostro recliné sobre el amado,
cesó todo, y dejéme,
dejando mi cuidado
entre las azucenas olvidado.

The English Version

Dark Night of the Soul
1. One dark night,
fired with love's urgent longings
- ah, the sheer grace! -
I went out unseen,
my house being now all stilled.
2. In darkness, and secure,
by the secret ladder, disguised,
- ah, the sheer grace! -
in darkness and concealment,
my house being now all stilled.
3. On that glad night,
in secret, for no one saw me,
nor did I look at anything,
with no other light or guide
than the one that burned in my heart.
4. This guided me
more surely than the light of noon
to where he was awaiting me
- him I knew so well -
there in a place where no one appeared.
5. O guiding night!
O night more lovely than the dawn!
O night that has united
the Lover with his beloved,
transforming the beloved in her Lover.
6. Upon my flowering breast
which I kept wholly for him alone,
there he lay sleeping,
and I caressing him
there in a breeze from the fanning cedars.
7. When the breeze blew from the turret,
as I parted his hair,
it wounded my neck
with its gentle hand,
suspending all my senses.
8. I abandoned and forgot myself,
laying my face on my Beloved;
all things ceased; I went out from myself,
leaving my cares
forgotten among the lilies.

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By San Juan de la Cruz / Saint John of the Cross

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O propósito


O propósito


Para que procurar o propósito da vida?
Acaso pode alguém responder a plena satisfação?
Generalizações não suprem necessidades.
Eu vejo,
você vê.
Percebemos a realidade de forma diferente.
O que sobra?
Um nós (não) vemos.
Acaso seja a realidade percebida de forma tão individual,
o que seria a realidade?
Por que procurar respostas?
Responder por que, para que ou para quem?
Se o que precisamos é de propósito,
não da vida,
mas propósito da minha vida, minha realidade...
Qual o propósito do propósito?
...
by Augusto Filho

terça-feira, 3 de agosto de 2010

O preço


O preço


Ontem eu não era suficiente.
Minhas qualidades foram apagadas.
Meus sacrifícios esquecidos.
Minha amizade questionada.
Hoje eu significo mais para você,
não pelo o que sou,
mas por aquilo que posso oferecer.
Nada mudou.
Apenas um dia de separação.
E neste intervalo,
já tenho outro significado.
O que mudou?
O que mudou neste dia?
Não eu,
mas você.
E neste pequeno intervalo ,
no qual, de repente, valho alguma coisa,
me pergunto:
Quanto você vale?
Muito para alguém,
mas para mim,
não vale muito.
Quando era tempo de ser,
você não foi.
Quando era tempo de sorrir,
você se esquivou.
Quando era tempo de apoiar,
você acusou.
Ainda me pergunto,
por que te dou algum valor,
quando para mim,
você não vale muito.
Qual o seu preço?
Minhas conquistas.


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by Augusto Filho

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

A Procura


A procura

Eu vejo o mundo diferente.
Eu vejo!
Eu vejo o amor.
Eu vejo o poder.
Eu vejo o senso de humor.
Mas vendo o que há lá fora,
eu vejo o que há aqui dentro.
E me surpreendo...
Há amor.
Há poder.
Há senso de humor.
Busco lá fora o que há aqui dentro,
o que existe aqui dentro.
Mas, ainda procuro...
Onde quer que você esteja
Veja!
Aqui há amor, poder e humor.
Há sabor.
Onde quer que você esteja amigo,
eu vou te encontrar.
Abrir as portas,
deixar entrar.
Caminhar o caminho,
poder achar...
O que é possível,
o que mereço ,
o que me faz capaz!
Eu vou te encontrar.
Desde muito te prometi,
vou te encontrar.
Não importa a distância,
nem o tempo...
Vou te achar.
Foi determinado.
Mas se você assim o quiser,
poderá me achar primeiro,
não me importo...
Não importa quem acha,
quem é achado.
Importa o encontro.

...
by Augusto Filho

terça-feira, 6 de julho de 2010

A Árvore Má


A Árvore Má


Durante tempo indefinido,
a justiça parecia incerta.
Meu coração e minha mente
clamavam pela lei do retorno.
Quando colher os frutos da plantação?
Perguntava:
Quando a colheita vai chegar?
Quando esta fruta estará completamente amadurecida?
Queria a colheita, mas não queria ter que colher.
Não me importei com a colheita,
pois no meu jardim, eu sou o jardineiro.
Abandonei a árvore a sorte.
Sabia que seu fruto era mau .
Mas lá no fundo, sabia que era minha responsabilidade cortá-la.
Seu veneno colocava em risco a plantação,
mas eu não queria cortá-la.
Compreendia que mesmo com tanto veneno,
aquela árvore também era criação do divino.
Entretanto, a compreensão não me bastava.
Queria cortá-la, mas não queria sujar as mãos.
Então um estrangeiro visitando o jardim,
percebeu o perigo da árvore má,
pegou as ferramentas e começou a cortá-la.
Ao me avistar clamou por ajuda...
Peguei minhas ferramentas ajudei a cortar a árvore.
Pensei que ficaria feliz com seu tombar,
mas quando a vi cair,
meu coração se encheu de pesar,
pois fora com ajuda de minhas mãos e meus equipamentos que ela completou sua jornada.
E que queda!
Ansiei por esta colheita,
pelo retorno que inexoravelmente vem,
mas bem lá nos meus esconderijos...
Meu coração chora,
pois eu poderia controlar a influência do veneno
sem sujar minhas mãos...
Mas o tempo não volta...
E apesar da minha tristeza,
o retorno não deixa de vir.
E agora compreendo, relembro,
que nenhum retorno alheio precisa
vir por mim.
...
by Augusto Filho
PS. A continuar...

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Presente

Hoje foi o ultimo dia de minhas palavras
O dia em que a terra lavra
A morte do que foi dito
E a ressurreição do que foi escrito


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by Augusto Filho